quinta-feira, 25 de julho de 2013

Mega projecto ou mega destruição do centro histórico?!

Mega projecto imobiliário na baía de Luanda, superior à dimensão da EXPO 98 em Lisboa. Edifícios de escritórios, habitação e hotéis. WTF?! (se me é permitida a revolta!)
Será que ninguém se opõe a esta aberração? Como é possível não existirem entidades competentes e devidamente capacitadas que façam frente a destruição da baía de Luanda, o nosso cartão postal, em prol de uma "porra" especulação imobiliária em que a maioria da população não vê um centavo. Que raio pensa esta gente que não percebe que para além do consumo energético elevado que este mega projecto, de que os interessados se babam, vem causar a cidade, diminuirá também, para muitooooo mais, a pouca qualidade de vida que resta a mesma, considerada a mais cara economicamente mas pobre de educação, de saúde, de extrema miséria, de desigualdades, de tudo o que um ser humano normal necessita para se manter são.
Como é possível uma sociedade inteira não fazer frente a este absurdo? Agora não se fala noutra coisa senão na marginal que está lindíssima e que todos podem usufruir dela, pois...mas esquecem-se de referir que a maior parte dos passeios da cidade estão num caos e que andar a pé é um martírio, que todos os dias morrem pessoas à fome, que os hospitais (sejam eles privados ou não) são uma miséria ( infelizmente nem o dinheiro nos safa), que a cidade é infernal na qualidade ambiental e urbana, refiro me ao trânsito, a poeira, e aos nossos belos e esplendorosos musseques, que abrigam a maioria da população e que se tratam de lugares sem qualquer saneamento básico, focos de doenças e de promoção à insegurança, que se tem revelado cada vez mais criminosa, a falta de ética e de solidariedade por parte da população que só pensa em ganhar dinheiro fácil sem pensar nos meios e nem nas consequências para alcançá-lo.
É triste olharmos para uma sociedade perdida, sem valores, sem princípios e pior de tudo sem ideais. Ao menos fossemos inteligentes o suficiente para impor condições a este tipo de investimento, condições que favorecessem o nosso povo e nos fizessem pessoas melhores, a viver melhor.
Luanda tem espaço que chegue para este tipo de empreendimento e se não tiver, Angola tem. Devíamos, desde já, pensar num futuro melhor, se não para nós, ao menos para os nossos filhos, os nossos netos...

terça-feira, 21 de maio de 2013

Benguela - 396 anos

Benguela é uma cidade fantástica! Quanto mais lá vou, mais vontade tenho de ficar por lá. Desde pequena que viajo para esta cidade maravilhosa que tem, nos últimos anos, registado um desenvolvimento franco a todos os níveis. Ao contrário de Luanda, Benguela tem uma malha urbana quadricular e uma arquitectura cheia de fervor dos anos modernos. As moradias ainda com seus traços horizontais e brise soleils transformam a paisagem urbana muito mais apelativa e aconchegante. Os muros ainda se mantêm baixos , marcando os loteamentos mas, permitindo a interacção dos espaços público e privado harmonicamente. Aos 396 anos, a cidade comemorou, no dia 17 de Maio, com suavidade e brilho, uma paz instalada e um desenvolvimento equilibrado. Parabéns a Benguela e àqueles que muito fizeram e fazem pelo seu crescimento.




Para celebrar, partilho imagens de um pequeno percurso feito a pé e de um passeio à Baía Azul, para que possam perceber um bocado da qualidade urbana a qual me refiro. A uns anos atrás, tal como muitas outras cidades de Angola, Benguela apresentava sinais de degradação urbana, nada que se compare a Luanda, ainda hoje, mas, actualmente a cidade tem sido requalificada e mantida, que é o mais importante. Os passeios estão arranjados, não se vê lixo nas ruas, os jardins estão devidamente tratados, a biodiversidade urbana é notável (ainda se acorda com o barulhinho dos pássaros, dorme-se com o barulhinho dos grilos, vê-se imensas borboletas...) e o mais importante de tudo é que a população colabora. 



O apoio na manutenção do espaço público e até mesmo do privado, sempre que não são alteradas as linhas da Arquitectura original, mantém a identidade "primária" da cidade, tornando-se evidente a "instalação" do Movimento Moderno sobre a capital da província de Benguela. 
Os passeios são largos e separados por espaços verdes, promovendo a biodiversidade, sombra ao peão, e conforto urbano, acústico e ambiental. 



Como não podia deixar de ser, por cá também já se fazem uns "cogumelos selvagens" (construção à moda sei lá de quem) que destoam da realidade arquitectónica existente.






As imagens mostram, também, a equipa de limpezas da cidade e os variados equipamentos urbanos que promovem e, de certa forma, sensibilizam a população a manter o espaço público sempre limpo. 
Como é evidente, esta requalificação não "rouba" a nossa cultura nem o nosso modo de estar ou viver a cidade. As quitandeiras (mulheres/homens que vendem na rua) e as cupapatas (táxi em versão motocicleta) são um forte exemplo do que me refiro. O importante é adaptarmo-nos a mudança e conciliarmos à nossa actividade, sem que provoque impactos negativos sobre a qualidade do espaço urbano ou social. 
É ainda de referir, que a actividade socioeconómica, no caso, a agricultura e a pecuária, é das áreas que permanecem resguardadas por parte da população e nesse sentido a cidade é, bastante, sustentável. Desde pequena que sou consumidora assídua do que a agricultura tem para oferecer, o que fico a dever a minha família (residentes de Benguela) que me enchem de miminhos e regalias. Lembro-me de comer mangas debaixo das mangueiras do Cavaco e sair de lá toda suja e com a barriga demasiado cheia para o almoço, de ver os miúdos a subir pelos mamoeiros com a maior rapidez do mundo, do corredor de coqueiros e palmeiras que seguiam a EN100 até Catumbela e Lobito (municípios da mesma província) e dos variados campos cultivados ao longo da mesma.  Bem, a verdade é que neste sentido as coisas pioraram um bocado, já não é tão evidente como quando lá ia em miúda mas ainda é uma realidade que espero manter-se, afinal, desenvolvimento não é só betão! 



Mas nem tudo são rosas e também existem coisas más tais como a intervenção feita sobre a Baía Azul, que é uma das atracções turísticas de Benguela. Um mar azul, areia limpa e uma paisagem magnifica que tendem, dado a especulação imobiliária a, praticamente, privatizá-la. Sou a favor da requalificação do espaço mas não deste tipo de construção desenfreada onde, muito poucos, estão preocupados com a paisagem e com àqueles que desta deixarão de usufruir. Não me parece que transformar a baía num mar de condomínios de "luxo" (visto que nem todos terão acesso aos mesmos) seja solução para uma das nossas melhores praias.
Criticas a parte é, de um modo geral de louvar o trabalho que tem sido feito, pelas entidades competentes, nos últimos anos sobre a cidade e espero que continue por muitos mais...

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Árvores nas cidades


Cacuaco_Funda

O município de Cacuaco é um dos nove da província de Luanda. É atravessado pelo rio Bengo que abastece duas grandes condutas, responsáveis pelo transporte de água potável para a maior parte da cidade Capital. Com uma extensão de 572 quilómetros quadrados, divide-se em três comunas: Comuna Sede, Kikolo e Funda.
Em anexo seguem imagens da comuna da Funda que, ainda virgem, da especulação imobiliária e do desenvolvimento construtivo desenfreado revela uma natureza intocável e uma realidade primitiva da nossa origem.






sábado, 27 de abril de 2013

Recordando o património...

O "nosso" tão querido Quinaxixi, ainda em pé. Uma obra prima do Movimento Moderno,do arquitecto Vasco Viera da Costa, o nosso Le Corbusier numa versão tipicamente tropical. O mercado do Quinaxixi era uma das obras mais emblemáticas de Angola e foi, inclusivamente, sugerida pelo arquitecto Oscar Niemeyer para património mundial da UNESCO. Infelizmente nem as mais variadas contestações e abaixo assinados foram suficientes para preservá-lo. 
Hoje, somente na memória daqueles que o conheceram e percorreram as suas galerias, tal como eu o fiz em miúda, quando nada percebia de brise soleil's e afins mas já admirava a sua disposição espacial, ventilação e vivência. Foi e será, na minha memória, o meu mercado favorito!
Deixemos para a nova geração, o julgamento das "brutas" e contemporâneas torres que do seu espaço nascerão...




sexta-feira, 26 de abril de 2013

Cidade e globalização vs Cidade dual

O trabalho que se segue, foi feito por mim, no âmbito da disciplina de Sociologia, enquanto andava na faculdade de Arquitectura. Na altura pareceu-me um tema bastante pertinente mas ainda hoje penso que o é. Não houve qualquer alteração do texto desde então. Não se trata de um trabalho de grande pesquisa e tão pouco de ordem científica e as conclusões são de ordem pessoal. Obviamente que muita coisa mudou de lá para cá, afinal, já se passaram cinco ou mais anos mas em muitos aspectos penso que poderíamos ter desenvolvido muito mais, principalmente a nível social (educação e saúde) e urbano (mais infraestruturas de transportes, saúde pública, saneamento...)

Introdução

Podemos considerar cidade, a organização de uma sociedade constituída pelos seus projectos, seus conflitos, suas contradições, assim como as interacções resultantes das suas opções sociais, políticas, económicas e culturais.
Com a mundialização da economia, a atractividade das grandes metrópoles exerceu enorme influência no comportamento humano dando origem aos grandes aglomerados populacionais e habitacionais, as megalópoles[1], que estruturam espaços, (alguns de forma duvidosa), perdendo o seu conceito real e em larga medida o seu sentido.

I.  Cidade e Globalização

Chamamos globalização ao fenómeno do crescimento da interdependência de todos os povos e países do planeta. Esta está associada a uma aceleração do tempo, pois tudo muda mais rapidamente hoje em dia, fazendo da instantaneidade uma das suas principais características. Por sua vez, o espaço mundial (cada vez mais virtual) ficou mais integrado.
Assim como a economia, a globalização é um processo irreversível e permanente que se manifesta nas mais variadas situações com as quais temos de aprender a conviver, trazendo, não só mudanças positivas como negativas ao nosso quotidiano.
Beneficiamos enquanto consumidores pela opção de escolha ter-se tornado maior, mas, com a necessidade de modernização e o aumento da competitividade, a taxa de desemprego também aumentou. O trabalhador perdeu o espaço por causa da dependência tecnológica dos países periféricos em relação aos desenvolvidos. A única alternativa enquanto cidadão globalizado é manter uma constante actualização dos factos, ser aberto, criativo, inovador e dinâmico.
Luanda reflecte este processo através da excessiva necessidade de rápida construção. Face a esta situação, novas tecnologias, metodologias e processos são empregues e com isso, interacções sociais, culturais e até mesmo espaciais, são estabelecidas.
Surgem novas formas de conceber o tempo e o espaço e novas formas de conceber e pensar arquitectura, sendo esta, sem dúvida, a face visível da globalização.
A arquitectura deixa de se apresentar harmoniosa para construir uma variedade de factores sociais, económicos e, muitas vezes, políticos que são preponderantes para a qualidade estética e técnica que lhe surge. Deixa de ter quaisquer referências históricas e culturais e passa a estar voltada para o consumismo massificado perdendo o seu carácter local e específico, tendo como principal objectivo a funcionalidade.
O conjunto de todos estes factores tornam a cidade crítica no que se refere às relações sociais, perdem-se os espaços públicos e a noção de convívio. A arquitectura influi na organização do espaço urbano e na maneira como o cidadão se comporta perante esse mesmo espaço, relevado pelas sucessivas imigrações, causa e consequência da desvalorização do mesmo, a par da globalização.
A globalização, além dos muitos constituintes, é marcada pela virtualidade. Poucas são as pessoas, no país inteiro, com acessibilidade ao computador, a Internet, ao telefone e a televisão. Encontramo-nos fechados intramuros, esquecendo que Luanda pouco é, em relação a Angola.
Infelizmente, Angola encontra-se atrasada neste facto que, de forma directa ou indirecta, afecta todos os países do mundo. Existe um grande número de analfabetismo no país, pouca educação “cívica” e, principalmente, pouca informação acessível.  
Comemos fast food, bebemos coca-cola, vestimos jeans, ouvimos rap, dançamos samba e vemos os mesmos filmes, mas, quantos são os que assim se comportam em Angola? Quantas províncias se encontram em fase de crescimento e desenvolvimento como Luanda? Afinal, somos ou não um país globalizado? Estaremos preparados para enfrentar este desafio a que se chama globalização?

II. Cidade Dual

Cidades duais são cidades cujas manifestações contemporâneas das estruturas urbanas, sociais e económicas se encontram distintamente polarizadas.
A existência de grandes e luxuosos condomínios contrastam com áreas imensas de pobreza extrema (musseques). Luanda é o exemplo vivo de cidade dual, com espaços sociais e urbanisticamente degradados.
Existe uma grande diversidade cultural que a torna num espaço de socialização negativa para a nova geração, foco de violência, insegurança, mal-estar e inacessibilidade urbana.
Não existem planos urbanísticos definidos (muito menos ordenamento territorial), e daí o facto da grande especulação imobiliária com que nos confrontamos actualmente, sem a previsão de espaços sociais e comuns a todos. Os interesses públicos são minimamente estabilizados e estruturados, mas não são suficientes para termos uma cidade organizada, o que nos torna a nós, como cidadãos, pouco solidários a ela.
Luanda é uma cidade em desenvolvimento pós guerra tentando recuperar a sua identidade de um modo rápido mas, nem por isso, eficaz. Esta privilegia negativamente os pólos de concentração das edificações tendo dificuldade em estruturar o conceito ou feito de cidade como um todo.
Vivemos sobre o mesmo espaço e somos completamente transparentes a necessidades comuns pois cada um tem o seu “carro”, a sua “casa”, o seu “serviço”, e assim sobrevive consoante a capacidade de resposta às mesmas. Fazer com que esta tenha qualidade implica ter capacidade de olhar para os espaços fragmentados e segregados e, ser capaz de os trazer para a cidade, numa versão nova, mantendo a identidade dos mesmos.
É importante perceber que Luanda, além de capital, é também o pólo de crescimento económico, daí a causa, além das imigrações resultantes da guerra, do grande crescimento demográfico e, da situação em que nos encontramos actualmente.

Conclusão

Depois de uma abordagem generalizada sobre estes temas que afectam directamente não só a nossa cidade (Luanda) como também a maior parte dos países do mundo, foi-me possível perceber o quanto é importante reflectirmos sobre estes factos.
Luanda, apesar do seu desenvolvimento, não tem tido capacidade de responder às necessidades de todos os seus habitantes, uma vez, que a sua densidade populacional é excessiva.
 No meu ponto de vista não nos podemos considerar, ainda, um país globalizado, porque a globalização refere-se ao bombardeamento de rápida informação, a unicidade do globo, a mistura constante de culturas e hábitos comuns.
Boa parte, senão a maioria, do que consumimos é importado, roupas, carros, telemóveis, comida, tecnologias, entre muitas outras coisas. Todos estes factos fazem de nós um país a par da globalização, isto é, influenciado por ela. Todo este processo dá-nos acesso a esta grande unicidade mundial. Quem de nós não saberia responder onde fica os Estados Unidos da América? A pergunta é, quantos nos E.U.A saberia responder, onde fica Angola?
Sabemos, também, que Angola está em fase de recuperação pós guerra, mas, este rápido desenvolvimento, tem-se, na sua maioria, centralizado em Luanda. Que condições terá a população que nela se refugiou durante estes anos, de voltar para as suas respectivas cidades, uma vez, que estas se mantêm intactas.
Não será possível acabar com os musseques, com a violência, e com a degradação urbana enquanto nos encontrarmos concentrados num único pólo. É necessário pensar em soluções de descentralização, de modo a equilibrar a densidade populacional por todo país, proporcionando mais informação técnica e intelectual.




[1] Megalópole é uma extensa região urbanizada, pluri-polarizada por metrópoles conturbadas. Correspondem as mais importantes e maiores aglomerações urbanas da actualidade (tratam-se de cidades com população superior a 5 milhões de habitantes).



quinta-feira, 25 de abril de 2013

Falou e disse

Achei interessante e surpreendente ouvir este homem falar, preocupado com um país melhor e com um desenvolvimento social mais seguro e confortável. Vale, muito, a pena assistir o video e reflectir sobre o nosso futuro.

Rua geradora de energia em Portugal

Depois de 4 anos de investigação, estreia, finalmente, em Covilhã uma passadeira e parte de um passeio pedonal que produzirão energia gerada pela passagem dos transeuntes e automóveis para alimentar semáforos e painéis luminosos. Esperemos que a técnica corra bem e que possa ser replicada por outros lugares. Vá que não é desta que o nosso tão "detestável trânsito" se transforma num benefício público para a nossa cidade ahm?!!! Luanda bem precisa e nós também!
http://eusouportugues.com/covilha-vai-estrear-rua-que-gera-energia-com-a-passagem-de-pessoas-e-automoveis/

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Gestão das cidades


Existem medidas práticas, eficientes e sustentáveis, das mais variadas, pelo mundo afora, é bom que as possamos aprender, com quem já cometeu inúmeros erros e tem-se vindo a destacar na melhoria significativa das cidades. Angola é um país, nesse sentido, em vantagem, o que me deixa intrigada em muitos aspectos!!!...o importante é seguir em frente e aderir aos melhores exemplos ;)
http://www.cidadessustentaveis.org.br/gps/introducao/video

A minha filha viu, amou e entendeu...


KaLaNdUlA/ MaLaNgE


Somos minúsculos diante de tanta beleza. As quedas de Kalandula são um pedacinho "enorme" da nossa riqueza paisagística e ambiental. Ficam na província de Malange e vale mesmooooo a pena, "a galinha toda", podermos usufruir de um lugar tão mágico ;)